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Editorial - Barbiecore

Com o fim da pandemia e o boom das novas produções cinematográficas, o termo “barbiecore” surge para demarcar uma tendência de moda nostálgica e escapista. Marcada pelo pink, a tendência revive traços da estética dos anos 2000, bem como revive o sentimento acerca da famosa boneca Barbie, que participa da infância das mulheres desde o início dos anos 60, quando foi criada, evidenciando um vínculo afetivo sobre seu uso. Para Stuart Brown, psiquiatra e pesquisador no The National Institute for Play, esse vínculo afetivo e de identificação com determinado brinquedo na infância constrói um apego emocional profundo, que inconscientemente se manifesta na fase adulta. No editorial Barbiecore: nostalgia e kitsch retratamos, por meio da categoria estética kitsch, a manifestação do vínculo emocional da mulher adulta para com a boneca.
Levando em conta os pensamentos de Moles (2007), entende-se kitsch como uma manifestação psicossocial múltipla, que detém de cinco princípios: da inadequação, da acumulação, da sinestesia, do meio-termo e do conforto. Assim, a estética kitsch demarca-se pelo distanciamento funcional do produto, pelo exagero e pela arte de massa, que permite a ligação entre a categoria estética e a tendência de moda.

Enquanto a vanguarda (entendendo-a, em geral, como arte e, sua função de descoberta e invenção) imita o ato de imitar, o kitsch imita o efeito da imitação: ao fazer arte, a vanguarda evidencia os procedimentos que levam à obra e os elege como objetos de seu próprio discurso, enquanto o kitsch evidencia as reações que a obra deve provocar e elege como objetivo da própria operação as reações emocionais do fruidor. (GREENBERG, 1969, p.73)

 Como primeiro princípio, a inadequação permite o distanciamento do produto com a sua função, ou seja, a concepção original do artefato é desvirtuada de um todo, delimitando a categoria kitsch como contrária ao classicismo. No editorial, representamos o distanciamento do produto com sua função utilizando objetos esteticamente kitsches, figurino e cenário, transformando uma businesswoman e seu escritório em algo não convencional, retratando a mulher fora dos padrões sóbrios do cenário executivo.
Já no princípio de acumulação, nota-se a construção de cenário exagerado, a fim de provocar o espectador sobre o ambiente e ativar certo tipo de nostalgia, que relaciona-se também à sinestesia presente na categoria estética kitsch, utilizando objetos dotados de inadequação. Parafraseando Umberto Eco, o kitsch tem como principal característica provocar efeitos.
Editorial - Barbiecore
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Editorial - Barbiecore

Trabalho feito para a matéria de Estética, pela Universidade Positivo, sob orientação da professora Ana Paula França.

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